CARTA AO ELIZEU MELO



 Por Hermógenes Neto


 
Escritor Elizeu Melo

Niterói, 17 de maio de 2025



   Inesquecível e amado amigo Mago Elizeu,

 

    Me sinto na necessidade de escrever essas linhas de forma simplista como você vai perceber, mas por consideração de responder a sua carta que acabei de ler em lindas palavras escritas com boa consideração e amizade em relação à minha pessoa.

   Gostaria muito de escrever igual ou melhor do que qualquer um de vocês, poetas e escritores da Sociedade Literária Acreana, mas bem sabes que não sou escritor e muito menos poeta (um dom para aqueles que são enviados pelos deuses para ser ponte na terra), mas sou apenas um papagaio que sabe arremedar as modinhas já construídas pelos cantores regionais e nacionais. Também almejei falar ou escrever palavras bonitas e me graduei na Ciência da Filosofia, mas em vão, apenas percebi o tamanho da lacuna e profundidade dos conhecimentos daqueles que enveredam por esse estudo e que ao beber, descobrem que menos sabem sobre Filosofia e outras ciências do saber.

   Mas Mago Elizeu, quero me retratar amigo a você que me senti bastante lisonjeado, quando você relata que em nossas conversas, foi adquirido por sua pessoa  aprendizados em nossos diálogos, quando na verdade, eu apenas lhe ouvia e era necessário lhe provocar, para extrair de vossa sabedoria, respostas que curiosamente era para ter ciência, e na verdade não tinha conhecimento, e você em sua humilde bondade, respondia de forma igualitária, se portando no mesmo nível da minha linguagem, para que fosse entendido por mim. Ser tomado por conhecimento, posto que no âmbito do nosso pouco tempo conversando, cresci bastante, não só filosoficamente, mas espiritual, profissional e como pessoa nessa sociedade valorosa e de suposto conhecimento, por todos os lados e nisso estou incluindo que também, foi de grande proveito.

   Bem, vou ser superficial em minhas colocações, para que outros ao tomar conhecimento das minhas mal traçados linhas (como diz a música) reconheçam que NÃO estou lhe endeusando. Nesse ciclo, foi e é um diferencial em minha vida e externalizo isso, citando: dividir o palco com você, foi um aprendizado grande pela observação;  a naturalidade e os movimentos, ao se colocar e falar no palco, era o ideal pra se tornar admirável por todos na plateia como cerimonialista; que você não precisa ser um bom músico pra ter muitos fãs, mas apenas tocar a música necessária a aquele momento, de forma que a letra da música junto com harmonia seja invasiva na alma das pessoas presentes. E ainda, você através da sua sabedoria, sabe fazer muito bem, com violão e voz; que ao discursar para uma pequena plateia, mapeava com sua visão holística, o que os seres queriam ouvir e ver naquele momento, seja visível ou invisível. Era por isso que às vezes, eu  ficava sem entender certas premissas, que saia de sua oralidade, no momento pra mim sem conexão, mas na verdade você estava se dirigindo ao povo invisível.

   Meu amigo, são por essas e tantas outras coisas que vejo bastante humildade em sua carta direcionada a mim afirmando que aprendeu muito comigo.

 Que os deuses me perdoem se estou errado, mas você  entrou no meu ciclo de amizade e no seio familiar para impulsionar o meu crescimento espiritual e sou extremamente grato aos seus guardiões e as falanges espirituais que foram muito benevolentes com minha pessoa, porque se hoje estou aqui com minha amada, foi graças aos portais  que auxiliaram nessa mudança pra eu e Maze. o que pra nós está sendo ótimo.

   Mas hoje, há pouco mais de trinta dias na cidade metropolitana da primeira capital federal do Brasil  confesso, que estou respirando bem melhor (apesar do ar aqui ser mais poluído), mas minha satisfação é por estar bem próximo da morada da minha verdadeira mãe, Iemanjá, berço dos tarefeiros espíritas em todos os segmentos religiosos, o Samba, não fica nem na esquina da minha residência, é na rua mesmo onde moro. Futebol, logo ali depois da ponte, onde acabei de ver com meus entes queridos “cariocas”, o jogo ao vivo do meu time do coração ganhar do time equatoriano no Maracanã. Facilidade de ter visto gratuitamente as bandas de rock, os Detonautas, Naturys, e tantos outros, é um ganho muito grande, vivenciar uma cultura liberal que ninguém olha para ninguém e nem julga tua estética.  Isso é muito bom. Ultimamente na parte corporal, tenho passado por uns exames e avaliação médica, mesmo sendo particular, é acessível e de pouco custo e tantas e tantas outras vantagens que é impossível ter por aí.  

    Ao finalizar essa pequena missiva, digo pequena, porque tenho muitas coisitas pra falar e fuxicar que vou deixar para falar pessoalmente. 

   O que é lamentável mesmo, é a ausência do convívio com vocês e outras pessoas do nosso meio, e do sangue, que não vejo mais ao vivo.  O sorriso e o calor de poder abraçar, tocar. Isso eu sinto forte, é mais que saudade que é maior que ausência, é mais que ressaca. É uma dor de "perda" que se eu não tivesse sido tão intenso com vocês, eu sentiria o amargo sabor do arrependimento.   Mas, uma coisa lhe confesso:  fiz o melhor que eu pude e foi o melhor de mim que eu pude oferecer.

   Um abraço afetuoso em você e na sua amada, agora nossa poeta Débora Melo, sua pequena filha e também poeta Géssica Melo e ao pequeno guru que tenho um carinho todo especial por ele.  Diga a ele, Elizeu Junior, que um dia ainda vamos nos encontrar, porque o que foi degustado por nós de chocolates, foi muito pouco.

 

   Um até breve...

   Do amigo Hermógenes Neto

 Hermógenes Neto é músico, bacharel e licenciado em Filosofia, membro da AAL e sócio Fundador da Sociedade Literária Acreana-SLA.

 

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