CRÔNICA POÉTICA


Por Mazezinha Cruz

A  LADEIRA
Na subida da ladeira nos perdemos, nesta curva nós choramos, mas qual curva que só sobe?
 E o chamado isolamento social, une distanciamento e convivência, separação e união, mas se é isolamento como pode ser social?

Todos sabem que precisam ficar em casa, mas como ficar em casa se nem todos tem casa?
Há silêncio nas ruas, e há silêncio em nosso interior, o que nos faz descobrir ligeiramente sós, e  Juntos com nossas carências, com nossas fragilidades, e questionamentos.

E na curva da ladeira acima há mortos, há doentes, há infectados e há doente bom.
E os mortos quem são?
Há marido morto, pai morto, ricos mortos, desconhecidos mortos...mortos também nossos egoísmos, mortas nossas prepotências e nosso orgulho, mas e nós o que nos resta fazer?
 Podemos conversar conosco, fazer da esperança, da paciência, nossas companhias... conversar com os livros, cuidar de nós e dos outros... ah! Isso pode lavar as mãos e usar máscara.

E a ladeira acima continua subido... sim precisa ser achatada,  não ir trabalhar, mas como se muitos não tem o que comer?
Há momento que precisamos viver um exílio sem sombra, sem aparência e deixar que o amor dite as regras, pois o amor deve ser usado: Amor de Deus por nós, amor de nós pelos irmãos e o amor nosso por nós mesmo.
E há um consolo para nós Deus está vendo.

 Maria José Cruz do Nascimento é Especialista em Educação e pós graduada em Educação Infantil e Educação Inclusiva. Membro efetiva e atual secretária na Sociedade Literária Acreana - SLA

Se você gostou, deixe um comentário e volte sempre!

Comentários

  1. Bom dia!
    Confesso que fui surpreendido pela relevância social e beleza tecida nessa poesia.
    Vc nos esbofeteia na cara, pois em uma sociedade justa, todos deveriam ter uma casa/lar.
    Nossa civilização deve rever os caminhos que estamos trilhando.

    Um abraço do seu leitor Elizeu
    Melo.

    ResponderExcluir
  2. Gostei, professora! Muitos já estavam mortos antes crise de saúde. Mas com ela veio a queda dos que já tinha morrido e ainda estavam de pé.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

OPINIÃO - Trabalho doméstico no Brasil: ontem e hoje, o que mudou?

CRÔNICA - Reflexões de um corpo em transformação -

CRÔNICA POÉTICA - O NATAL